RESUMO
O presente estudo justifica-se pelas possíveis contribuições que as práticas da psicologia podem contribuir para os hospitais e profissionais das áreas afins, tanto no campo acadêmico a nível de pesquisa, como a nível social fazer com que o paciente como familiares experimentam a validação dos sentimentos que são aflorados. No presente artigo os objetivos foram: Analisar as dimensões que envolvem os cuidados, identificar a relação que existe entre a doença e o sofrimento do paciente e identificar quais as estratégias que o profissional de psicologia pode aplicar no neste acompanhamento. A elaboração do trabalho contou com um arcabouço de artigos, livros e revista cientificas, onde aplicou o critério de ler todos os matérias e eliminar aqueles que não seriam uteis para a construção do trabalho, também no corpo do trabalho utilizou-se apenas os artigos e autores que seguiam as diretrizes da temática. A atuação do psicólogo no contexto hospitalar não se refere apenas à atenção ao paciente, refere-se também a tríade de atenção, que é dispensada ao paciente, à família e a equipe de saúde, dentro de sua atuação profissional, a prática do psicólogo hospitalar promove mudanças significativas, atividades, promoção e de prevenção, acompanhando como anda a aderência do paciente ao tratamento, acolher e diminuir o sofrimento que a hospitalização e as doenças causam aos sujeitos, também acompanhando a evolução do paciente em relação aos aspectos emocionais e subjetivos. Portanto, houve a necessidade de abordarmos esta temática, pois o papel deste profissional não está apenas resumido a clínica e consultórios, o mesmo tem sua área abrangente e tem suas importâncias na equipe multiprofissional, tanto no atendimento aos pacientes como suporte aos próprios profissionais de saúde passam por esgotamento físico e emocional.
Palavras-chave: Psicólogo; Hospitalar; Inserção, Contexto; Papel.
1 INTRODUÇÃO
A inserção da psicologia nas Instituições Hospitalares, segundo Ismael (2005), a origem da psicologia hospitalar veio a se dar no Hospital McLean, em Massachussets, no ano de 1818, quando formava-se a primeira equipe multiprofissional que incluía o primeiro psicólogo, a partir de então, surge o psicólogo hospitalar. A psicologia hospitalar, assim como a própria psicologia, é um campo de estudos bastante amplo e requer esforços constantes dos profissionais na realização de pesquisas e produção de conhecimento (BARBOSA et al, 2007). Diante do exposto, os psicólogos que atuam no contexto hospitalar trabalham diretamente com as mais diversificadas reações frente ao adoecimento e o processo de hospitalização.
De acordo com Campos (1995), a Psicologia Hospitalar é um conjunto de contribuições científicas, educativas e profissionais que as várias correntes da psicologia oferecem para prestar uma assistência de maior qualidade aos pacientes hospitalizados. Percebe-se que o campo da psicologia não está delimitado em conhecimentos, mas, suas contribuições são significativas para o contexto hospitalar, onde ela vem a complementar no suporte aos profissionais e usuários. Desde os primórdios da inserção dos psicólogos nos hospitais, ficou evidente que as estratégias de intervenção junto aos pacientes hospitalizados atendiam a uma demanda própria das necessidades dos hospitais ou especialidade médica em que os atendimentos aconteciam (RONICK, 2017).
Percebe-se que a psicologia vinha passando por um processo de inserção nos hospitais, devido suas necessidades nos âmbitos da saúde mental e doenças psíquicas. Para Mosimann e Lustosa (2011), no decorrer da história relatada, é verídico identificar o desenvolvimento de culturas e que também se contemple a qualidade de vida destes assim como nos hospitais, sendo consequente da prática exercidas pelos psicólogos hospitalares. Portanto, o presente artigo articula-se com os seguintes objetivos: Analisar as dimensões que envolvem os cuidados, identificar a relação que existe entre a doença e o sofrimento do paciente e identificar quais as estratégias que o profissional de psicologia pode aplicar no neste acompanhamento.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho desenvolvido seguiu uma análise de revisão bibliográfica, ou revisão de literaturas, é um critério qualitativo das amplas publicações concernente à determinada área do conhecimento ou da respectiva temática. Para Gil (2008) a definição de um conhecimento só pode ser classificada como saberes científico, após a identificação as devidas operações técnicas que viabilizem a verificação, ou seja, determinar o método que possa possibilitar à chegada a determinado conhecimento.
A pesquisa bibliográfica procura estudar e discutir um tema com base em referências teóricas publicados em livros, revistas, artigos, periódicos e outros. A coleta de dados seguiu a premissa de busca pelos seguintes descritores: Psicologia hospitalar, o papel do psicólogo, atuação no contexto hospitalar, acolhimento e atuação multiprofissional. Diante da busca realizou-se uma leitura exploratória de todo o material selecionando, aplicando uma leitura seletiva de cunho mais aprofundada das partes que realmente seriam próprias para o desenvolvimento do trabalho. O registro das informações serviu de ferramenta especifica (autores, ano, método e etc.). Os artigos científicos relacionados ao tema foram acessados na base de dados: Google acadêmico, Scielo (Scientific Eletronic Libray Online), BVs – Psi , publicados nos anos 1995 e 2020, teve-se o compromisso em citar os respectivos autores utilizados no artigo, respeitando a diretriz da norma brasileira (ABNT), o que foi extraído dos documentos aplicou-se criteriosamente com finalidade cientifica.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Desde a década de 40, as políticas de saúde no Brasil estão centradas no hospital seguindo um modelo que dar prioridades as atividades de modelo clinico/assistencialista, deixando de lado a saúde coletiva. As primeiras atividades a serem desenvolvidas no brasil, Segundo Azevedo e Crepaldi (2016), foram iniciadas pela pioneira Mathilde Neder, licenciada em Pedagogia, começou a atuar na clínica Ortopédica e Traumatológica do Hospital das clinicas da Faculdade de Medica da Universidade Federal de São Paulo (HC- FMUSP), em 1954. Matilde Neder ao ser convidada para esse trabalho procurou fazer uma adaptação técnica de seu instrumental teórico, acoplando-o à realidade institucional. Nessa ocasião Matiilde Neder candilava-se a uma vaga na Sociedade brasileira de Psicanalise, e, segundo suas próprias palavras, o trabalho hospitalar surgiu com um desafio, por ser uma prática que na ocasião parecia ser distante de maneira abrupta dos modelos teóricos de atendimento que abraçava (ANGERAMI- CAMON et. Al, 2004, p. 5).
No decorrer de muitos anos o que mais se desenvolveu no Brasil, foi a psicologia da saúde, acompanhada de perto pela psicologia hospitalar (REIS et al, 2016). Já para Gorayeb (2010), o termo psicologia da saúde é utilizado para cobrir as mais diversas áreas e tem sido confundida com outros termos e isso com frequência.
Enfatiza-se a importância em distinguir as devidas áreas, sendo que, ambas utilizam técnicas semelhantes, onde, a psicologia da saúde enfatiza o papel da psicologia enquanto ciência e profissão, pautando-se na promoção, manutenção da saúde e prevenção da doença, sendo em campo multidisciplinar integrado a outras áreas não só da psicologia como da saúde, clinico, comunitário e a da própria hospitalar, já a psicologia hospitalar está mais centrada na instituição, trabalhando com as demandas localizadas dentro desta, no atendimento aos pacientes e não se esquecendo da doença física que também contribuir para um agravante da doença ou sofrimento psíquico, aos cuidados tanto do paciente, aos familiares e equipe profissional. Assim, o próprio significado da palavra saúde leva-nos a refletir sobre a pratica centrada na intervenção primaria, secundaria e terciaria. Já quando nos referimos ao hospital, automaticamente pensamos em algum tipo de doença já instalada, só sendo possível a intervenção secundaria e terciaria para prevenir seus efeitos adversos, sejam eles físicos, emocionais ou sociais (CASTRO; BORNHOLDT, 2004, p. 49).
Para Silva (2009) a área da Psicologia hospitalar é uma especialidade fundamentada na psicologia brasileira, tornando-se uma trajetória teórica, proporcionando assim, uma aproximação ainda maior de uma visão ampla. Sendo que sua teoria e métodos estão voltadas a instituição. Para (CHIATTONE, 2006, p. 32), A Psicologia da saúde é uma prática atuante mundialmente, tanto no hospital, o psicólogo também estará realizando avaliação e atendimento psicológico aos familiares, apoiando e orientando-os em suas dúvidas, angustias, fantasias e temores. Junto à família, o psicólogo deverá atuar apoiando e orientando, possibilitando que se reorganize de forma a poder ajudar o paciente em seu processo de doença e hospitalização. Não se pode perder de vista a importância da força afetiva da família. Ela representa os vínculos que o paciente mantem com a vida e, é, quase sempre, uma importante força de motivação para o paciente na situação de crise.
O psicólogo hospitalar vem a ser o profissional que está capacitado e munido de técnicas para serem aplicadas, desenvolvidas de forma contínua e coordenada, com a intenção de trazer melhorias ao sujeito hospitalizado. Sendo que Castro e Bornholdt (2004), afirma que é necessário que o psicólogo esteja qualificado para atuar em saúde, como é também de suma importância que este venha refletir sobre a sua formação dar a ele bases necessárias para poder trabalhar. A psicologia não pertence unicamente a área clínica, pois ela também abrange áreas como organizacional, social e educacional, utilizando-se de meios, técnicas, metodologias e teorias de diversos saberes psicológico. A psicologia busca comprometer-se com questões ligadas a qualidade de vida dos usuários bem como dos profissionais de saúde (FOSSI; GUARESCHI, 2004, p. 34).
No ambiente hospitalar o psicólogo deve sempre buscar estabelecer uma aproximação mais forte com outros profissionais, sabendo que no contexto hospitalar a saúde não é uma competência exclusiva apenas de um profissional, mais de um trabalho em equipe, que em dados momentos este profissional atuara em equipes interdisciplinares, sem a hierarquização, mais o foco que os une é o bem estar e a saúde do paciente; também em equipes multidisciplinares, seu tralho é em conjunto de diferentes áreas sem que ambas se relacionem profundamente, onde cada profissional trabalha individual, dentro daquilo que é de sua especialidade, sem perder o foco que os une, tendo uma questão em comum, analisando a situação do paciente de várias formas e por fim as equipes Transdisciplinares que trabalham com uma interação mais próxima, todas as suas decisões são sempre pensadas em grupo e tomadas em comum consenso. A demanda do trabalho institucional organiza ou mobiliza as equipes de acordo com sua complexidade. É comum, na prática em saúde, os profissionais se depararem com seus próprios limites (e a necessidade de reconhece-los) para então encontrar, nos colegas de outras formações, o conhecimento e as ferramentas necessários para se atender ao caso em questão (RONICK, 2017, p. 36-37).
Com esta abrangência multidisciplinar do profissional psicólogo estende-se e aprimora-se com a integração de outros saberes de profissionais distintas da dele, fazendo com que o fortalecimento destes vínculos venha de forma ampla beneficiar ao paciente e a própria equipe.
Essa tarefa passou a ser um desafio concreto para a formação e para a intervenção do psicólogo na área hospitalar, pois ele teve que desenvolver uma compreensão do seu papel no campo multidisciplinar para assim adotar uma postura interdisciplinar. Esta, por sua vez, implicava no desenvolvimento de uma postura de aceitação e incorporação da diversidade presente nos diferentes saberes em benefício do melhor acolhimento do processo de saúde-doença dos envolvidos (MORE et al, 2009, p. 466).
Os psicólogos hospitalares atuam como interpretes das demandas do paciente, da família e da equipe profissional. Atuando como o facilitador desse dialogo da tríade, proporcionando apoio psicológico a família, assim trazendo esclarecimento das dúvidas. A inserção do psicólogo no hospital gera qualidade, aplica técnicas de promoção da saúde e qualidade o atendimento nos hospitais. Neste também se discute a necessidade de reorientar o enfoque centrado nos processos de individualização e no modelo médico-curativo para uma perspectiva mais ampla e coletiva, em que o processo saúde-doença também seja compreendido a partir dos registros do social, do econômico e do político, ademais do psicólogo (RIBEIRO; DACAL, 2012, p.71).
Seguindo o mesmo compasso que a autora traz, para se chegar a essa abrangência do indivíduo hospitalizado é necessário que a equipe tenha uma linguagem clara e bem objetiva. Pois segundo Tonetto e Gomes (2007) existem determinados momentos que os profissionais se deparam com suas limitações e que podem encontrar no colega esta clareza para o atendimento em questão.
4 CONCLUSÃO
Compreender que o paciente adoecido tem sua subjetividade, medos, frustrações e limitações, sendo que o papel do psicólogo neste contexto é auxiliar este paciente, levando em consideração este ambiente que ele vive e a situação atual que ele experimenta. Desta maneira a forma prática que o psicólogo pode intervir é validando estes sentimentos e levando o próprio paciente e familiares a aceitarem situações que a medicina não se tem como reverter.
Também é valido ressaltar que tanto a psicologia como os profissionais de saúde devem criar um diálogo com os pacientes que também é um meio de estes superar os medos comuns e encontrar a paz interior, com a certeza de que a morte e vida encontram-se em níveis de plenitudes.
Espera-se que este trabalho possa ser porta para que outros profissionais ou até mesmo estudantes manifestem o interesse pela temática, para que assim surjam novas formas de interpretações, pois a literatura para o desenvolvimento desta ainda está é limitada.
REFERÊNCIAS
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