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O ASSÉDIO MORAL NAS ORGANIZAÇÕES E SEUS IMPACTOS PSICOLÓGICOS

A violência psicológica no ambiente de trabalho é um tema de extrema relevância que tem sido objeto de estudo internacional por mais de 25 anos (Soboll, 2008a). No entanto, no Brasil, este assunto ainda não recebe a devida atenção, com pesquisas datando de um período relativamente curto (Teixeira, Munck, & Reis, 2011). O primeiro artigo sobre o tema foi publicado por Freitas em 2001, e desde então, a conscientização acerca dessa forma de violência tem crescido gradualmente. Apesar de registros que remontam à época da colonização, a violência psicológica no ambiente de trabalho ainda é subestimada pelas organizações brasileiras (Guimarães & Vasconcellos, 2012). É imperativo que essa realidade seja reconhecida e combatida, visando à promoção de ambientes laborais saudáveis e respeitosos para todos os colaboradores.

O assédio moral no ambiente de trabalho pode se manifestar de diversas formas, tais como humilhações, intimidações, discriminações e ameaças, acarretando danos emocionais e psicológicos às vítimas. Reconhecido como um grave e complexo problema, o assédio moral é originado por diversos fatores sociais, econômicos, organizacionais e culturais. Estudos conduzidos em praticamente todos os continentes demonstram que este fenômeno é global e tem despertado a atenção de acadêmicos de diversas áreas e organizações internacionais de defesa dos direitos dos trabalhadores, no contexto dos direitos humanos (Heloani & Barreto, 2010). É imperativo que as empresas implementem políticas de prevenção e combate ao assédio, visando estabelecer um ambiente saudável e seguro para todos os colaboradores. Adicionalmente, uma cultura organizacional fundamentada no respeito e na empatia se faz essencial, encorajando o diálogo e a denúncia, de modo a identificar e tratar adequadamente casos de assédio. Coletivamente, é possível criar um ambiente de trabalho mais equitativo e inclusivo para todos os envolvidos.

Conforme Hirigoyen (2010), o assédio moral no ambiente de trabalho caracteriza-se por ações repetitivas e hostis direcionadas a um ou mais colaboradores, de maneira consciente ou inconsciente. Essas ações podem provocar danos à saúde mental e física dos indivíduos, impactando tanto seu desempenho profissional quanto o clima organizacional. O combate ao assédio moral no ambiente de trabalho é de extrema importância. Tais comportamentos negativos podem acarretar consequências graves para a vítima, prejudicando sua saúde física e mental, assim como sua eficácia profissional. É imperativo que as empresas fomentem um ambiente laboral saudável e respeitoso, no qual todos os colaboradores se sintam seguros e apreciados. A conscientização e a educação revelam-se cruciais para prevenir e enfrentar o assédio moral, assegurando, desse modo, um ambiente de trabalho mais equitativo e acolhedor para todos.

A violência e os comportamentos hostis têm sido elementos constantes nas interações humanas ao longo da história, evidenciando a presença da violência moral desde os primórdios do trabalho. Contudo, a partir da década de 1980, houve uma crescente atenção às pesquisas sobre o tema, com o assédio moral emergindo como uma forma de violência prejudicial nas relações de trabalho (Nunes, 2016). O assédio moral no ambiente profissional exerce impacto direto na saúde mental dos colaboradores, ressaltando a necessidade de fomentar ambientes laborais saudáveis e livres de violência. A conscientização, a denúncia e o respeito representam pilares essenciais na luta contra o assédio, garantindo a valorização de todos os funcionários.

O Conselho Nacional de Justiça enfatiza que o assédio moral no ambiente de trabalho requer repetição sistemática de atitudes que resultem em danos à integridade física ou psicológica do colaborador. Tal comportamento abusivo impacta negativamente a dignidade e o bem-estar dos funcionários, podendo se manifestar de várias maneiras, como agressões verbais, ameaças, exclusão social, difamação e sobrecarga de tarefas com o intuito de constranger, humilhar e desqualificar um indivíduo ou grupo, degradando suas condições laborais e comprometendo sua integridade pessoal e profissional (Freitas, Heloani e Barreto, 2008; Leymann, 1996). Esta prática não apenas prejudica a vítima, mas também afeta o ambiente de trabalho como um todo, criando um clima de tensão, desmotivação e insegurança.

Em um contexto organizacional, a implementação de medidas preventivas relacionadas ao assédio moral e violência é crucial para manter um ambiente de trabalho saudável e seguro para todos os colaboradores. As intervenções podem ser categorizadas em primárias, secundárias ou terciárias, cada uma desempenhando um papel fundamental na promoção do bem-estar no local de trabalho (Leka & Cox, 2008).

As medidas preventivas primárias incluem o estabelecimento e execução de políticas explícitas para avaliação e redução de riscos, juntamente com a implementação de políticas contra o bullying. Essas estratégias têm como objetivo evitar incidentes prejudiciais, estabelecendo diretrizes e regulamentos que fomentam um ambiente de respeito mútuo (Leka & Cox, 2008).

No nível secundário, as intervenções incluem a realização de programas de formação para conscientização dos colaboradores, a condução de inquéritos para identificar possíveis problemas e a implementação de mecanismos eficazes de resolução de conflitos. Essas ações visam abordar as questões de forma proativa, promovendo a comunicação aberta e a resolução pacífica de conflitos (Leka & Cox, 2008).

Por último, a prevenção terciária foca em minimizar os danos causados e prover suporte tanto às vítimas quanto aos agressores quando o problema já se manifestou. Nesta fase, é fundamental disponibilizar assistência emocional, direcionamento e recursos para lidar com as ramificações do assédio moral e da violência, contribuindo para a restauração da harmonia e confiança no ambiente de trabalho (Leka & Cox, 2008).

As ações preventivas referem-se às estratégias adotadas para prevenir o assédio moral no ambiente de trabalho, com o propósito de fomentar um clima organizacional saudável e respeitoso. Estas medidas abrangem desde a sensibilização dos colaboradores e gestores sobre o assunto até a implementação de políticas internas que inibam qualquer forma de comportamento inadequado. É imperativo que as empresas estejam vigilantes e ajam proativamente na prevenção do assédio moral, a fim de assegurar um local de trabalho seguro e acolhedor para todos os seus membros (RISSI et al., 2013).

Referências

FREITAS, Maria Ester de; HELOANI, Roberto; BARRETO, Margarida. Assédio moral no trabalho São Paulo: Cengage Learning, 2008.

Guimarães, L. A. M., & Vasconcelos, E. F. (2012). Mobbing (assédio psicológico) no trabalho: Uma visão crítica contemporânea. Revista Psicologia e Saúde, 4(1),85-93.

HELOANI, Roberto; BARRETO, Margarida. Assédio moral: gestão por humilhação. Curitiba: Editora Juruá, 2018.

HIRIGOYEN, Marie-France. Assédio moral: a violência perversa no cotidiano. 16. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.

Leymann, H. (1996). The content and development of mobbing at work. European Journal of Work and Organizational Psychology, 5(2),165-184.

Leka, S., & Cox, T. (2008). PRIMA-EF: Guidance on the European framework for psychosocial risk management: A resource for employers and worker representatives protecting workers (WHO Protecting Workers’ Health Series No. 9). Geneva, Switzerland: World Health Organization.

NUNES, Thiago Soares. A influência da cultura organizacional na ocorrência do assédio moral no trabalho na Universidade Federal de Santa Catarina 2016. 432 f. Tese (Doutorado em Administração) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2016. Disponível em: Disponível em: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=3713234 Acesso em: 7 fev. 2024.

RISSI, Vanessa et al . Intervenções psicológicas diante do assédio moral no trabalho. Temas psicol.,  Ribeirão Preto ,  v. 24, n. 1, p. 339-352, mar.  2016 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2016000100018&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  17  maio  2024.

Soboll, L. A. P. (2008a). Assédio moral no Brasil: A origem da ampliação conceitual e suas repercussões. In L. A. P. Soboll (Ed.), Violência psicológica e assédio moral no trabalho: Pesquisas brasileiras (pp. 23-65). São Paulo, SP: Casa do Psicólogo.

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