O estresse é um dos conceitos mais abordados e estudados na psicologia devido ao impacto que pode exercer na saúde mental e física dos indivíduos no cotidiano. Segundo Lazarus, a interpretação de um evento determina a reação emocional de uma pessoa. Dessa forma, o estresse no local de trabalho é influenciado pela percepção que o indivíduo tem das demandas do ambiente laboral e pela sua capacidade de lidar com tais exigências. Para que ocorra o estresse no ambiente profissional, é essencial que o trabalhador perceba a situação e as demandas do ambiente como estressantes, sentindo-se com recursos limitados para enfrentá-las, o que resulta em impactos negativos em seu bem-estar.
Além dos fatores estressores associados ao trabalho, recursos pessoais como autoestima, estabilidade emocional e equilíbrio entre vida profissional e pessoal também parecem influenciar as variações no bem-estar dos indivíduos. A experiência de estresse no trabalho tem sido consistentemente associada a consequências adversas para os colaboradores, tanto em termos psicológicos quanto fisiológicos. No entanto, as pessoas reagem de maneiras distintas diante de eventos percebidos como estressantes. Embora a maioria dos estudos aponte para uma relação negativa entre estresse e bem-estar no ambiente de trabalho, há pesquisas que investigam sob quais condições os fatores estressores podem não afetar negativamente o bem-estar profissional. A resiliência, juntamente com estratégias de autorregulação emocional e enfrentamento, têm se destacado como meios eficazes para mitigar o estresse e promover o bem-estar em diversas situações.
A ausência de suporte, recursos, boas relações e outros aspectos relacionados ao trabalho tende a impactar de forma mais negativa no bem-estar laboral do que a sua presença contribui positivamente. A percepção de apoio organizacional e recursos no ambiente de trabalho, como autonomia e suporte social dos colegas e superiores, atuam como moderadores, reduzindo o impacto negativo do estresse no bem-estar profissional. Os recursos pessoais demonstram ser capazes de preservar o bem-estar no ambiente de trabalho mesmo em contextos desafiadores.
As competências emocionais e estratégias de regulação emocional não apenas predizem o bem-estar no trabalho, mas também funcionam como moderadores eficazes, minimizando os efeitos negativos dos fatores estressores. Estratégias de enfrentamento focadas na resolução de problemas trazem mais benefícios do que estratégias de evitação, embora esta última possa ser útil temporariamente em situações onde não é possível controlar um ambiente desafiador.
Referência
Hirschle, Ana Lucia Teixeira e Gondim, Sônia Maria Guedes Estresse e bem-estar no trabalho: uma revisão de literatura. Ciência & Saúde Coletiva [online]. v. 25, n. 7 [Acessado 12 Abril 2024] , pp. 2721-2736. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1413-81232020257.27902017>. ISSN 1678-4561. https://doi.org/10.1590/1413-81232020257.27902017
