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A SAÚDE MENTAL E SUAS VÁRIAS NARRATIVAS DENTRO DA REFORMA PSIQUIÁTRICA

INTRODUÇÃO

A temática sobre saúde mental vem se tornado mais pertinente nos dias atuais, por mais que já exista inúmeros autores que discutam sobre este assunto mesmo assim está temática ainda tem muito o que acrescentar. Com isto, a escolha pelo assunto partiu do fato de vivenciarmos uma pandemia que nos afetou direta e indiretamente em nossa saúde mental, partindo deste princípio percebeu-se a necessidade de pesquisar o tema já mencionado, para assim nos fazer refletir a respeito dos impactos que este assunto ainda causa a sociedade, notou-se também a relevância que esta pesquisa contribuirá para o meio acadêmico e aos pesquisadores que tenham interesse por este assunto. Esta produção justifica-se para que haja mais pesquisas acadêmicas, quanto para a colaboração de desenvolvimento de mais conteúdos científicos, fazendo assim com que o tema esteja de certo modo sempre atualizado e revisado.

METODOLOGIA

O trabalho desenvolvido seguiu uma analise de revisão bibliográfica, ou revisão de literaturas, é um critério qualitativo das amplas publicações concernente à determinada área do conhecimento ou da respectiva temática. Para Gil (2008) a definição de um conhecimento só pode ser classificada como saberes científico, após a identificação as devidas operações técnicas que viabilizem a verificação, ou seja, determinar o método que possa possibilitar à chegada a determinado conhecimento.

A pesquisa bibliográfica procura estudar e discutir um tema com base em referências teóricas publicados em livros, revistas, artigos, periódicos e outros. Buscou-se também, conhecer e analisar conteúdos científicos sobre o determinado tema entre os anos 1978 a 2019, pois como a temática já vem sendo explorada há muito tempo atrás, percebeu-se a importância destes dados para assim compor o respectivo artigo.

A coleta de dados seguiu a premissa de leitura exploratória de todo o material selecionando, aplicando uma leitura seletiva de cunho mais aprofundada das partes que realmente seriam próprias para o desenvolvimento do trabalho. O registro das informações serviu de ferramenta especifica (autores, ano, método e etc.).

Foram utilizados 02 livros, divididos em sobre saúde mental, a história social da reforma psiquiátrica, em idioma em português, suas publicações variam entre 1978 e 2019. Os artigos científicos relacionados ao tema foram acessados na base de dados: Google acadêmico, Scielo (Scientific Eletronic Libray Online), BVs – Psi , publicados nos anos 2000 e 2019, utilizou-se 11 artigos a partir dos seguintes descritores: saúde mental e reforma psiquiátrica. Teve-se o compromisso em citar os respectivos autores utilizados no artigo, respeitando a diretriz da norma brasileira (ABNT), o que foi extraído dos documentos aplicou-se criteriosamente com finalidade cientifica.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No percurso dos tempos, os portadores de transtornos mentais, eram tratados de forma diferente dos demais cidadãos. Segundo Foucault (1978 apud GONÇALVES; SENA, 2001) A loucura já existia e como também já se havia criado um local especifico para o tratamento destes que eram denominados de loucos, bem como as construções do século XVIII, as igrejas, as instituições psiquiátricas e domicílios e instituições.

Desde então, com o passar do tempo cuidar de doentes mentais era sinal de retira-los do meio social e excluí-los, coloca-los em isolamento e a opção era a internação em hospitais psiquiátricos. Com esta retirada dos ditos loucos a sociedade não se sentiria mais em apuros. Como consequência da retirada da loucura do meio da cidade e da convivência social, era excluída a possibilidade de reintegração destes de volta ao convívio social, isolados em manicômios, trancados ate sua morte, selando um tipo de morte social. (AMARANTE, 2018, p.1092).

No início da era cristã a loucura era vista como manifestação de demônios, bruxaria e comportamentos que eram considerados pela religião como anormal, onde os padres exorcizavam na tentativa de expulsar estes espíritos malignos, quando suas tentativas de expulsar esses demônios não dava certo se aplicava o encarceramento em calabouços, com tratamento desumano e chicotadas. Segundo Millani e Valente (2008) nesta época estas pessoas eram classificadas com um comportamento semelhantes dos feiticeiros e bruxos, que supostamente eram assemelhados aos doentes mentais, isso só repercutia em virtude do poder da igreja tinha sobre a burguesia.

Para Kyrillos Neto (2003) nas décadas passadas os termos de reforma psiquiátrica já havia ganhado certa inflexão que veio a passar a indagar a ideia da psiquiatria na condenação sobre os efeitos e controle, com isso na reforma psiquiátrica o maior foco era o reconhecimento da cidadania dos loucos, analisando que estes no percurso dos séculos foram marginalizados, torturados, trancados, medicalizados, tratados como experimentos de diversas formas. Logo no inicio dos meados dos anos 80 a Reforma foi traduzida como a reformulação de um modelo mais assistencialista, onde se destacou a importância de comunidades terapêuticas, assistencial ambulatorial em saúde mental e clinicas psicanalista (GOULART, 2010, p.114).

Segundo Filho et. al (2015) Já meados do século XX ficou registrada como o momento da volta da loucura a sociedade, em outras palavras, a inserção dos ditos loucos que foram esquecidos, nesta ocasião iniciaria uma nova trajetória, a desinstitucionalização (os chamados hospitais psiquiátricos). Analisando por este viés, começou-se a questionar a forma que os hospitais psiquiátricos tratavam os seus pacientes, logo as fortes influências de Foucult propuseram alterações nos cuidados psiquiátricos, defendendo assim cuidados mais dignos e procedimentos terapêuticos mais adequados.

De acordo com Quindere e Jorge (2010) nas últimas três décadas a área de saúde mental tem experimentado diversas mudanças, tanto no cuidados com os pacientes, como nos cuidados e nas práticas de saúde mental. O modelo de institucionalização atualizou-se como o autor coloca e essa constante mudança, nos demonstra que cuidar dos pacientes vai muito além do que os rótulos impostos pela sociedade “loucos” estes que muitos anos atrás eram tratados de forma desumana, agora são tratados de forma mais digna conforme a reforma psiquiátrica propôs nas mudanças feitas no modelo hospitalar asilar.

Na concepção de Carneiro e Rocha (2004) as muitas mudanças ocorridas no atendimento em saúde mental ainda são complexas e que acabam envolvendo uma busca pela singularidade do sujeito que se encontra em sofrimento mental. Com as transformações que ocorreram nos hospitais e suas ampliações favoreceram os pacientes em sofrimento mental, dando-lhes suporte e acompanhamento terapêutico. Como o fim do isolamento e a falta de suporte a essas pessoas com transtornos mentais, implantou-se um novo modelo de cuidados a saúde mental, onde estas ideias foram ligadas aos movimentos de reforma psiquiátrica, descentralizando o poder social e concentrando na Constituição Federal de 1988 que a saúde mental seria normatizado pelo Sistema de Único de Saúde (SUS). As primeiras experiências da dita desinstitucionalização no Brasil foram frutos dos movimentos sociais que estavam relacionados com a causa, então a partir destes fatos surgiram alguns aparatos federais legais, como o projeto de lei nº 3. 657/89 que faziam a progressiva extinção dos chamados manicômios substituindo-os por instituições assistencialistas (LEAL; ANTONI, 2013, p.88).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a realização do trabalho no campo da saúde mental, assumimos o desafio de buscar artigos e livros relacionados à temática, porém, a presente pesquisa cientifica abordou as questões que envolvem pontos importantes que entrelaçam os passos para a reforma psiquiátrica, neste mesmo trabalho tentou-se esboçar alguns tópicos de relevância dos descasos aos que sofriam de transtornos mentais, dentre eles pode-se assim apresenta como o contexto histórico e as representações deste dilema para a humanidade. O desenvolvimento do tema, nos permitiu enquanto estudante, pesquisador e profissional articular muitos conhecimentos adquiridos ao longo destas narrativas, bem como também aquilo que já lemos em livros, artigos e tentar extrair daquilo que participamos como ouvintes das palestras sobre a temática, para que assim pudéssemos desenvolver da melhor forma o trabalho.

Quando se articulou a proposta com o tema, pensou em produzir uma autorreflexão deste assunto que é de suma importância para a classe acadêmica como para a nossa sociedade. Espera-se que esta produção possa contribuir de forma significativa para a classe acadêmica e cientifica, onde cada vez mais possamos encontrar mais novos pesquisadores com temas novos e pesquisas novas contribuindo para a atualização constante deste tema tão longo e cheio de seus mistérios.

 

REFERÊNCIAS

AMARANTE, Paulo; TORRE, Eduardo Henrique Guimarães. “De volta à cidade, sr. cidadão!” – reforma psiquiátrica e participação social: do isolamento institucional ao movimento antimanicomial. Rev. Adm. Pública,  Rio de Janeiro ,  v. 52, n. 6, p. 1090-1107,  Dec.  2018 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-76122018000601090&lng=en&nrm=iso>. Access on  2  June  2022.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-761220170130.

CARNEIRO, Nancy Greca de Oliveira; ROCHA, Luciana de Carvalho. O processo de desospitalização de pacientes asilares de uma instituição psiquiátrica da cidade de Curitiba. Psicol. cienc. prof.,  Brasília ,  v. 24, n. 3, p. 66-75, set.  2004 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932004000300009&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em 6 jun.  2022.

FILHO, Antonio José de Almeida et al . Trajetória histórica da reforma psiquiátrica em Portugal e no Brasil. Rev. Enf. Ref.,  Coimbra ,  v. serIV, n. 4, p. 117-125,  fev.  2015 .   Disponível em <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-02832015000100013&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  5  jun.  2022.  http://dx.doi.org/10.12707/RIV14074.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. Ed. Editora Atlas AS, 2008.

KYRILLOS NETO, Fuad. Reforma psiquiátrica e conceito de esclarecimento: reflexões críticas. Mental,  Barbacena ,  v. 1, n. 1, p. 71-82, dez.  2003 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-44272003000100006&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  3  jun.  2022.

GONCALVES, Alda Martins; SENA, Roseni Rosângela de. A reforma psiquiátrica no Brasil: contextualização e reflexos sobre o cuidado com o doente mental na família.Rev. Latino-Am. Enfermagem,  Ribeirão Preto ,  v. 9, n. 2, p. 48-55,  Apr.  2001 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692001000200007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em  08  Junho  2022.  http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692001000200007.

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