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CUIDADOS PALIATIVOS PARA QUE, PARA QUEM E PARA QUE SERVE?

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo apresentar um estudo sistemático sobre os porque’s, dos cuidados paliativos, ou seja, o tema apresentado foi escolhido em decorrência de sua grande relevância ao meio acadêmico e profissional, em meio a tantas tecnologias que temos disponíveis que são utilizadas como técnicas curativas ou até mesmo na tentativa de prolongamento da vida humana, encontramos uma diversidade de pacientes que ainda não tem esse acesso aos benefícios tecnológicos. Para estes, os que não são beneficiados com esta medicina revolucionaria, recomenda-se os cuidados pautados em uma filosofia denominada de cuidados paliativos, pode-se assim dizer que os cuidados paliativos tem sido de grande importância na área da saúde, tal processo que podemos também denomina-lo de cuidado especifico aos pacientes que estão fora do alcançarem a possibilidade terapêutica de cura. A escolha pela temática também seguiu a revisão bibliográfica, ou revisão de literaturas, sendo uma análise qualitativa das amplas publicações concernentes a área do tema desenvolvido. Sendo assim, o artigo vem demonstrar que tal estudo continua sendo de suma importância para nossa sociedade, comunidade acadêmica e cientifica, sendo importante sempre a atualização desse assunto.

Palavras chave: Curar. Prolongar. Cuidados Paliativos. Saúde. Terapêutica.


INTRODUÇÃO

O termo cuidado paliativo tem muitas definições e cada uma delas podem chegar até se assemelhar, com isso, houve a necessidade de usar uma definição mais coerente. Em 2002 a Organização Mundial de Saúde (OMS), definiu cuidados paliativos como cuidados amplos a qualidade de vida aos pacientes e seus familiares, no seu enfrentamento de uma doença que ameaça a continuidade da vida, sendo preciso a prevenção e o alivio de sua dor física e mental. Portanto, cuidados paliativos tem como fundamento uma promoção de uma qualidade de vida ao paciente, respeitando seus desejos, seu corpo, suas dores, silêncio e o sofrimento, pois o foco é o paciente e não a sua doença.
Matsumoto (2012) afirma que os cuidados paliativos não podem apenas se estruturar em protocolos, pois o foco é paciente e sua subjetividade, a dor que lhe incomoda e seus medos. Percebe-se que a equipe ou o profissional não pode apenas se atentar a doença do paciente, o princípio de tudo é o ser humano, ali está uma vida junto com suas emoções, suas frustrações e o medos que acabam por tirar a vontade de comer e dormir.
Haja visto que, a resolução nº 41, de 31 de outubro de 2018, dispõe em seu art. 2º que os cuidados paliativos consistem em assistência promovida por profissionais de uma equipe multidisciplinar, objetivando a melhoria, ou seja, qualidade de vida ao paciente diante da doença que ameaça a vida, sendo por meios de prevenção e alivio de sua dor. Percebe-se como o termo “qualidade de vida” é traduzido em uma vida mais digna em seus últimos dias ou seus momentos finais, os profissionais e a familiares podem proporcionar a esse indivíduo os melhores momentos ou até realizar suas vontades, pois as dores e sofrimentos que o paciente evidência durante este trajeto pode de alguma forma ser aliviado por momentos junto a sua família, realizações de seus sonhos ou até mesmo despedir-se de seus familiares, ou seja, independente como for aquilo que proporcione qualidade ao paciente, de alguma forma ele se sentirá vivo e não apenas um inútil.

BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DOS CUIDADOS PALIATIVOS

Dentro de tantos marcos históricos que ocorreram na trajetória humana os cuidados de alguma forma foi algo que fica como característico de cada civilização, onde estas culturas reagiram mediante seus princípios religiosos e éticos. Segundo Capelas et. Al. (2014) No século IV A.C, não se considerava ético cuidar dos moribundos ou aqueles que estavam no processo de morrer, após a introdução do cristianismo e sua propagação vieram novas interpretações, agora com a era cristã existe a necessidade de ajudar os desprotegidos e moribundos.
Historiadores relatam que na idade antiga as hospedarias de cuidados já era algo comum entre alguns povos, pode-se assim dizer, durante as cruzadas da idade média. Como era de costume encontrar locais de abrigos pelos caminhos conhecidos como hopices, chamados por este nome pelo fato de acolherem os doentes, famintos, mulheres em processo de parto, órfãos, pobres e também os leprosos (ROMANO, 2011). Os viajantes eram acolhidos, protegidos, alimentados e proporciona-se alivio aos seus sofrimentos e dores, na forma de cuidados.
Com o passar dos anos o termo cuidado paliativo volta a surgir, mas, agora definitivamente na década de 1960, no Reino Unido, por uma assistente social e enfermeira chamada Cicely Saunders, agora a prática paliativa não seria mais vista como cuidados pautados no senso comum, mais como um exercício da área da saúde. Agora formada em medicina Cicely, em 1967 fundou o St. Chistropher’s Hospice, sendo este o primeiro lugar a proporcionar cuidados integral aos seus pacientes e ensinando a sua comunidade médica.
O crescimento do movimento paliativista cresceu expandindo-se nos anos de 1970, nesta época uma psiquiatra chamada Elisabeth kübler-Ros, trouxe este conhecimento e técnicas para América. Já em 1974, nos Estados Unidos, foi inaugurado um Hospices, a partir deste momento os cuidados paliativos passaria a ser difundido em todos os países do mundo.
Os cuidados paliativos passaram por enormes evoluções e adaptações ao longo dos anos, pois antes de chegarmos ao termo que agora utilizamos, os antigos o chamavam de hospices, ou seja, cuidados dos mais vulneráveis e pobres.

SUPORTE NO ALÍVIO DA DOR DOS PACIENTES

Os cuidados paliativos não é uma ideia de afirmar a morte ou a de nega-la, onde o principal foco é o alivio das dores psicológicas, físicas e espirituais dos pacientes. O foco na atenção ao paciente é um resgate pela dignidade no momento de finitude, ou seja, alcançar um conforto, um alivio as dores causadas pelos sintomas, um suporte espiritual e psicossocial, também lembrando-se de proporcionar apoio ao processo de luto dos familiares do paciente. (SILVA, SUDIGURSKY, 2008).
Para Romano (2014) o ser humano não deve ser visto como aquele que precisa somente de atenção física, pois o mesmo tem essa carência de cuidados nos aspectos emocionais, sociais e espirituais. O autor colocar a importância de observarmos a dualidade do indivíduo, pois mesmo que o corpo possa ser visto separadamente da mente, porém um está ligado ao outro. Até mesmo se formos analisarmos pelos princípios dos cuidados paliativos, a ideia é promover controle sobre a dor, seja ela física ou psicológica. Souza et. Al. (2021) Afirma que paliar é confortar, fazer algo para aliviar os sintomas, ouvir atentamente sobre a dor que é relatada, aprender a respeitar, saber acolher aquilo que é compartilhado e acompanhar até o fim esse paciente.
Mesmo diante do exposto, a Organização Mundial de Saúde (2002) caracteriza os cuidados paliativos como a promoção de alivio as dores e sintomas que são desencadeados decorrentes das doenças terminais, sendo que o paciente não sente somente dores físicas, como também o sofrimento psíquico e outro aspecto importante dentro desta caracterização que pode-se apontar é integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado do paciente. Sendo de necessário o acompanhamento da equipe multiprofissional não só ao paciente como a família na elaboração desse luto antecipado.
Outra forma do paciente minimizar este sofrimento diante ao enfrentamento da doença terminal é apoiar-se na espiritualidade. Já para este contexto é necessário fazer-se uma distinção existente entre espiritualidade e a religiosidade, sendo que ambos os termos são utilizados no cotidiano como sinônimos, para tanto, estas são confundidas por quem vivencia o processo de adoecimento quanto os familiares e profissionais (SILVA, 2022).
Para o autor citado a identificação da espiritualidade é vista como algo que se move para além do viés da ciência e da religião, enquanto a religião pode ser vista como uma forma secundaria, motivada em geral e distorcida por forças socioeconômicas, culturais e políticas. Observa-se que na espiritualidade o paciente encontra relações mais importantes, buscando respostas sobre significado da vida e criando um relacionamento com o sagrado, um vinculo singular entre o paciente e a divindade sem interrupções ou crenças humanas.
Já para Santos (2011) o conceito de paliar tem um relação com a espiritualidade, pois a palavra que vem do latim, pallium, traduzida significa manto, o mesmo que o papa utiliza, em outra palavras aquilo que encobre, alivia, protege, é interessante que na colocação do autor sobre o termo e seu significado nos remete aos tempos passados em que os viajantes recebiam um manto para viajarem como uma forma de protege-lo durante a viagem que poderia dura muito tempo e ser desgastante, trazendo sofrimento por conta do frio e outra condições, o manto servia como uma forma de protege-lo ou aquece-los em determinadas situações que seriam extremas. Isso comprova que de certa forma a espiritualidade é uma aliada no tratamento do alivio do sofrimento deste paciente, pois quando se respeita esses valores e crenças dos indivíduos, ele sente-se de certa forma ativo dentro desse processo como um protagonista que está caminhando para uma jornada que ele mesmo trilha ou escreve seu fim de história.

PACIENTES COM DOENCAS QUE AMEACEM A VIDA

As doenças terminais vem se tornando uma ameaça a vida populacional e sendo um grande desafio aos profissionais que atuam na área da saúde, para isso é necessário buscarmos formas e métodos de garantir qualidade de vida aos idosos, pacientes terminais e qualquer um que esteja em situação de sofrimento (DOS SANTOS, FERREIRA, GUIRRO, 2020).
Muitas das vezes os profissionais de saúde buscam essa atualização em cuidados paliativos, pois reconhecem de certa forma que existe o limite da medicina na tentativa de curar ou prolongar a vida dos indivíduos com os tratamentos, que por vezes não tem utilidade alguma e acarretam mais dor e sofrimento aos pacientes.
É nítido que por muitos séculos o conceito de morte era tido como algo natural e respeitava-se a subjetividade do indivíduo, onde antes de morrem os seus desejos eram mais respeitados, na atualidade os pacientes com doenças terminais não tem autonomia, pois o próprio manual da Organização mundial da saúde (2002) afirma que deve-se respeita os valores, crenças e culturas por parte dos pacientes e familiares. Tal perspectiva na teoria ainda não é tão aplicada na prática, onde os métodos invasivos, são as preocupações em cumprir protocolos, seguir à risca algo que não terá eficácia, o sofrimento do paciente não é colocado em pauta, seu corpo torna-se um lugar de testes de métodos.
Quando uma doença compromete a continuidade da vida do paciente gera uma mudança drástica no seu planejamento futuro, seus sonhos e suas expectativas tornam-se em frustrações, tanto para o paciente como a família. Coelho (2017) discorre que a comunicação desta noticia sobre a doença que compromete a continuidade da vida deste indivíduo deve ser passada ao próprio paciente e seus familiares, pois é fundamental que estes entendam e possam aprender a lidar com as mudanças que viram a ocorrer na fase da doença.
O paciente em fase terminal tem suas complicações, pois a não possiblidade de cura proporciona aplicar o trabalho do profissional da saúde em cuidados paliativos. Segundo Da Silva et al. (2013), relata que o trabalho a ser desenvolvido com os pacientes em fase de terminalidade torna-se delicado e em alguns momentos complicado, pelos vários fatores emocionais, estressores e frustrante que são envolvidos, para que o trabalho seja aplicado e tenha mais resultados é de extrema necessidade que o profissional tenha um conceito claro e conciso da doença terminal formado para embasar sua atuação profissional.
Para alguns hospitais a comunicação da finalidade ao paciente pode trazer mais sofrimento e dor, nada é mais frustrante do que ser omitida a realidade ou condição da sua saúde, o paciente tem esse direito de saber qual sua situação atual, a tentativa de esconder essa notícia não o distanciara-lo do sofrimento.

PROPORCIONANDO UMA QUALIDADE DE VIDA E UM FINAL DE VIDA MAIS DIGNA

Quando um paciente é acometido de uma doença grave que lhe compromete sua saúde e levando a um agravamento sem ter o que a equipe profissional possa mais fazer nada, não só o paciente que sofre, mais junto com ele a sua família, estas consequências afetam de tal forma a família do paciente, gerando um desajuste familiar, para isso carece-se de um apoio dos profissionais de cuidados paliativos ou até mesmo uma acompanhamento psicológico.
É importante perceber que o cuidado envolve uma dimensão maior que não só está relacionado à morte e o morrer, mais que chega a atingir aspectos emocionais do paciente. Angerami-Camon (2006), afirma que o posicionamento do psicólogo em meio a esta tarefa de trabalhar a temática morte e vida, tende a ser um fator importante para este paciente, trabalhando a vulnerabilidade e dependência deste, num momento que suas defesas venham a esvaziar-se, seus valores e verdades em um questionamento profundo.
Para Coelho (2017) os cuidados paliativos podem e devem ser oferecidos no início de uma doença de forma paralela com as terapias curativas, com o acompanhamento da equipe multiprofissional de cuidados paliativos ao paciente pode-se assim proporcionar uma melhor qualidade e ressignificar o conceito de finitude ou até mesmo trabalhar a elaboração do luto da família. Facilitando mais ainda o processo na realização dos desejos em que o paciente em concordância a sua história de vida e suas crenças.
É importante salientarmos a necessidade de proporcionar um espaço em que o paciente venha a discorrer de forma que se sinta à vontade para falar sobre suas dores, seus sonhos que estavam planejados, suas frustrações e como ele se sente no momento presente, essa tentativa é tentar fazer ele recordar de momentos passados que o deixaram feliz, conduzi-lo de certa forma mostrando a este individuo que sua vida ainda tem possibilidades, desejos e realizações que podem ser feitas dentro a possibilidade de sua condição física.
Para Da Silva et al. (2013) afirma que é muito importante que o paciente deve ser acolhido, observada suas necessidades e suas vontades precisam ser aceitas, também deve ser enfatizado o direito do indivíduo morrer com dignidade; isso inclui morrer sem dor, em casa com seus amigos e pessoas queridas, sem sofrimento inútil e principalmente morrer sem falsas expectativas. É interessante ressaltar que os pacientes podem solicitar também interromper o tratamento, pois estamos falando de qualidade de vida e um fim mais digno, onde muitas das vezes o tratamento deixa o paciente em um sofrimento ainda maior além do que a doença terminal possibilita.

CONCLUSÃO

É inevitável negar o fim da vida, bem sabemos que cada ser humana chega ao seu fim, também é necessário lembrar que a morte ainda continua sendo vista como aquela que é maléfica, poucos sabem que a morte e vida andam de mãos dadas, ambas esta inclusa no ciclo da vida e que não falar em morte não a tardará ou muito menos expilará. A morte faz parte do ciclo da vida, sendo que nós enquanto seres mortais tememos esse encontro pelo simples fato de estarmos mais apegados a vida.
Os cuidados paliativos é uma filosofia que proporciona ao indivíduo uma qualidade de vida, não apressando a morte e muito menos negando-a, entende-se que esse processo de dar uma qualidade visa englobar o alivio dos seus sofrimentos nos âmbitos físicos e psíquicos.
Quando falamos em cuidados paliativos ainda existe o espanto por parte dos familiares, ainda é entendido muito pouco sobre essa filosofia de cuidados. É de suma importância nas formações na área da saúde a inclusão do tema, para que os profissionais saiam das universidades entendidos que no campo de seu trabalho enfrentaram as mais diversas situações e uma dela é chamada: morte. As nossas formações passam o árduo trabalho de salvar vida a todo custo, ainda falta ensina que em algum momento não será possível salvar, mais poderemos proporcionar um fim de vida mais digno e uma qualidade melhor aos pacientes terminais.
Espero que este trabalho no âmbito dos cuidados paliativos possa nos fazer refletir sobre esse cuidado, como estamos desenvolvendo esse fim de vida aos pacientes em sofrimento e que nossa atuação seja sensível ao ver que os tratamentos não deram resultados algum, que levemos em consideração a subjetividade de cada paciente, ouvindo-os atentamente, pois ali existe uma historia de vida, ou seja, alguém que de alguma forma tentou viver seus sonhos e de alguma forma a doença o impediu de caminha, cabe ao profissional ressignificar e mostrando-o que existe outras formas dentro da possibilidade física do paciente de realizar tais sonhos.


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