Setembro é conhecido mundialmente como o mês da prevenção ao suicídio. No Brasil, desde 2014, o Setembro Amarelo tem como objetivo dar visibilidade a um tema urgente e, muitas vezes, silenciado: a importância da saúde mental e a valorização da vida. A campanha é uma iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Centro de Valorização da Vida (CVV), e se espalhou por todo o país com ações de conscientização, rodas de conversa, palestras, iluminação de monumentos e campanhas educativas.
Mas por que falar sobre isso é tão necessário?
A Realidade em Números
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo. Isso significa que a cada 40 segundos, alguém tira a própria vida. No Brasil, a média é de 38 pessoas por dia — um número que assusta e que reforça a necessidade de romper o silêncio.
Outro dado preocupante é que o suicídio está entre as principais causas de morte de jovens entre 15 e 29 anos, tornando-se um problema de saúde pública que exige atenção imediata. Ainda segundo pesquisas, os homens apresentam índices de suicídio quase quatro vezes maiores que as mulheres, embora estas realizem mais tentativas.
Esses números não podem ser vistos apenas como estatísticas frias: por trás de cada dado, há histórias interrompidas, famílias abaladas e comunidades impactadas.
Mais do que uma Campanha: Um Chamado à Empatia
O Setembro Amarelo é mais do que uma mobilização: é um convite à reflexão, empatia e acolhimento. É a oportunidade de lembrarmos que todos nós, em algum momento, podemos enfrentar dores emocionais profundas — e que buscar ajuda não é sinal de fraqueza, mas de coragem.
A campanha defende a ideia de que falar pode salvar vidas. Conversar sobre sentimentos, abrir espaço para escuta e oferecer apoio pode ser o primeiro passo para que alguém não se sinta sozinho em sua dor.
Entendendo os Transtornos Mentais
Grande parte dos casos de suicídio está associada a transtornos mentais não tratados ou diagnosticados tardiamente. Entre os principais estão:
- Depressão: sentimentos persistentes de tristeza, perda de interesse, falta de energia, alterações no sono e no apetite.
- Ansiedade: preocupação excessiva, crises de pânico, fobias, tensão constante.
- Transtorno Bipolar: oscilações extremas de humor entre fases de euforia e depressão.
- Esquizofrenia: alterações na percepção da realidade, delírios e alucinações.
- Transtornos Alimentares: anorexia, bulimia e compulsão alimentar.
- Burnout: síndrome ligada ao estresse crônico no trabalho, que leva à exaustão emocional.
É importante ressaltar que o sofrimento emocional pode ter várias causas, incluindo fatores biológicos, psicológicos e sociais, como histórico de violência, abuso, discriminação, isolamento ou dificuldades financeiras.
Sinais de Alerta
Nem sempre é fácil identificar quando alguém está passando por momentos de desespero, mas alguns sinais podem indicar risco:
- Mudanças bruscas de comportamento ou humor;
- Falas recorrentes sobre morte ou falta de sentido na vida;
- Isolamento social repentino;
- Perda de interesse em atividades antes prazerosas;
- Descuido com aparência e autocuidado;
- Aumento do uso de álcool ou outras substâncias.
Diante desses sinais, a recomendação é não ignorar. O acolhimento e o incentivo para buscar ajuda podem ser decisivos.
Como Ajudar
- Escute sem julgamentos: às vezes, oferecer um ouvido atento pode ser mais valioso que qualquer conselho.
- Demonstre apoio: pequenas palavras de incentivo podem dar esperança a quem está sofrendo.
- Evite frases de minimização: como “isso é frescura” ou “vai passar”. Elas invalidam a dor da pessoa.
- Encaminhe para ajuda profissional: psicólogos, psiquiatras e grupos de apoio são fundamentais.
- Divulgue canais de ajuda confiáveis: como o CVV (188).
Recursos de Apoio
- CVV – Centro de Valorização da Vida
Atendimento gratuito e sigiloso, disponível 24 horas por dia.
📞 188 | 🌐 www.cvv.org.br - SAMU – 192
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. - Corpo de Bombeiros – 193
- CAPS (Centros de Atenção Psicossocial)
Atendimento especializado em saúde mental em diversas cidades do Brasil. - UBS (Unidades Básicas de Saúde)
Oferecem acompanhamento psicológico e psiquiátrico. - Plataformas Online
Telessaúde, Zenklub, Vittude, Psicologia Viva, entre outras.
Setembro Amarelo Também é Autocuidado
Falar sobre prevenção ao suicídio não é apenas olhar para o outro, mas também aprender a cuidar de si. Reconhecer os próprios limites, respeitar seu tempo, buscar equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e não ter medo de procurar ajuda são formas de preservar a saúde mental.
Atividades como meditação, exercícios físicos, boa alimentação, sono de qualidade e momentos de lazer podem contribuir para o bem-estar emocional.
Conclusão: Você Não Está Só
O Setembro Amarelo 2025 nos lembra de que ninguém precisa enfrentar suas dores sozinho. Criar espaços de diálogo, oferecer apoio e lutar contra o estigma em torno da saúde mental são passos fundamentais para salvar vidas.
Se você está passando por um momento difícil, saiba: pedir ajuda é um ato de coragem.
E se você conhece alguém em sofrimento, estenda a mão. Às vezes, um gesto simples pode ser a diferença entre a vida e a morte.
💛 Falar é o primeiro passo. Falar é prevenir. Falar é cuidar.